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domingo, 8 de abril de 2012

O dilema...

Desavisado o amigo perguntou:
- Mas Carlos, você ainda gosta dela?
Carlos reticente, parou e pensou... no que pareceu um século em alguns segundos, olhando pras gotas rolando num copo de cerveja.
Ele sabia que não, a mulher que ele amava, nunca existiu... Foi uma criação, um conto criado por ela, e por ele mantido. Mas agora, sem o véu do amor que ele queria para o "todo sempre", nada mais restava, nada além de mentiras...
Se ele sentia algo, sim, mas era mais uma raiva inacreditavel dele, por ter permitido que sua carência e esperança no amor, o tornasse cego em relação aos sinais...
E depois de muito pensar, disse:
- Não, véiiii, ja passou - entre risos -, a fila anda. - Afinal, era o esperado dele, manter o sorriso e a postura firme, alegre e positiva...
- Ufa, ainda bem! E ae, já arrumou outra?
Ah, claro, pensou o Carlos, super fácil calar o peito e as dúvidas, receios e passar pra outra.
- Ah, cara, já sai com umas, peguei outras, mas to querendo sossego de minas, vou sair com meus amigos, beber, ver futebol e ficar na tranquilidade!
Bem melhor falar isso do que, não cara, não sei nada dessa coisa de sentimentos, não to afim de quebrar a cara. Mas afinal o que querem saber. E Carlos agradeceu quando a conversa se voltou pra futebol e o final do campeonato que se aproximava... Seu time tava bem, podia não ganhar, mas não seria motivo de piadas...
Naquela tarde, andando na rua, vendo casais ele pensou...
Reviu seu ultimo relacionamento e teve nojo de si mesmo, do que se tornou no final, como o Voldemort na cena da estação de trem. Um ser vil, sem alma, sem intenção, sem esperança.
Repetiu pra si mesmo a pergunta, "vc ainda gosta dela?"
Sim e não... foi a resposta.
"Sim", aquela pessoa que ele se apaixonou, aquele carinho, sorriso e histórias, sim, ele ainda era apaixonado.
"Não", quando a mascara caiu, ele percebeu que a pessoa que ele amava nunca existiu. E a casca em que esse amor morava, era construida por mentiras e aparencias forjadas... Ele sentiu nojo de si... e um topor ainda maior em não poder dizer isso a ela. Principalmente quando nos parcos encontros ela sorria-lhe numa promessa de amizade... Como ser amigo de alguem em quem você não pode confiar?
Topor, raiva, nojo, falta de esperança... esses sentimentos misturavam-se dentro dele e ele voltou a sorrir...

Afinal o que restava e esperavam dele.

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